quarta-feira, julho 15, 2009

uma moedinha por favor



Corta-me o coração quando vejo a pobreza que existe nas ruas. Aquela pobreza que nos diz: uma moeda por favor, qualquer coisinha por amor de Deus. Corta-me o coração porque nunca sei exactamente o que fazer. Às vezes levo a mão ao bolso, quando me pesa a consciência dos balurdios de dinheiro que gasto nas minhas "coisas"... e tudo o que me pedem são uns trocos para um pedaço de pão (nem tudo são drogados ou preguiçosos), noutras fecho os olhos por instantes e sigo o caminho com a amargura da minha acção.

Mas a verdade é que não acredito na esmola como a solução. Sim pode dar para um pão e um leite no momento, mas mais logo ou amanhã será tudo igual. A mesma pessoa e outras, na rua, a pedir para comer.

Venho para casa e penso que papel poderia eu ter como profissional de marketing, na procura de uma solução mais eficaz... Digo "eu" como um todo. Que poderá o marketing fazer?

Vejamos. As cidades são dos seus cidadãos, mas da mesma forma como entregamos a gestão do nosso país e do nosso dinheiro a apenas um conjunto de pessoas (o governo), também entreamos às camaras a gestão municipal.
Provalvemente todas têm pelouros de acção social. Mas onde caberia o marketing social de uma CM?

Na realidade o que mais gostariamos era de tirar todos os mendigos da rua, dar-lhes a oportunidade de ter uma nova vida e viver em sociedade tal como a concebemos na sua forma mais ideal, todos felizes e com as necessidades básicas satisfeitas.

Através do marketing a missão seria "vender" essa ideia a quem vive na rua. A ideia de que pode ter uma casa, um trabalho, uma nova vida. Mas não só. A luta contra a pobreza é um dever de todos, da sociedade. Mas atenção! Não pretendo o incentivo às contribuições financeiras, mas do trabalho, das ideias, do voluntariado, de soluções, do desejo de mudar o mundo.

Assim, já identificámos dois públicos-alvo distintos com vista ao mesmo fim: aqueles que vivem na rua e os cidadãos.

De seguida, este tal gabinete/serviço de mkt social deveria desenvolver e explorar este processo de "venda" (eu prefiro dizer troca, mas talvez confunda mais) através da caracterização do produto/ideia que se pretende dar em troca de uma acção (vontade de sair da rua), do preço que o mendigo terá que pagar por essa acção (não tem que ser financeiro, mas terá um custo psicológico muito grande, pois por alguma razão a maior parte, quando questionados, diz preferir viver na rua), do local onde poderá ter acesso a esse produto/ideia e, claro, da divulgação que se deve fazer chegar essas ideias ao mendigo. Em síntese, falamos da gestão integrada do produto, preço, distribuição e comunicação - marketing mix.

E agora como é evidente, deveria fazer-se um marketing mix para cada público-alvo.

Claro está que o pelouro de acção social continua com grandes obrigações pois são necessárias infra-estruturas, políticas de integração na sociedade, no trabalho, etc., por forma a que a promessa (a ideia de uma nova vida) se possa cumprir.

Por fim, tudo o que mais desejo dizer é que não se trata de uma acção de caridade, mas de uma obrigação social e mais, todos temos a ganhar quanto menos pobres tivermos. Todos damos esmolas com o dinheiro dos impostos que é canalizado para a caridade do estado e tenho para mim que a perspectiva tem de ser outra.


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