sexta-feira, outubro 20, 2006

Acaso do quotidiano

O que vos atrai no campo da publicidade?

Diversas respostas podem surgir, uma pessoa poderia referir a parte do design, ou a emoção que um anuncio publicitário pode transmitir, seja ele somente de cariz visual ou auditivo.
A criação de uma campanha publicitária é algo de extrema complexidade, que nos obriga a adquirir métodos de trabalho, elaborar uma estrutura e por aí adiante, conjugando a nossa criatividade, imaginação, espontaneidade, irreverência, ou por outras palavras, um sem fim de factores que proporcionam e que são fundamentais se desejamos ser bem sucedidos neste campo.

A questão que me surgiu foi, até que ponto podemos abdicar de um trabalho que pode levar meses até estar concluído, pela espontaneidade de uma situação do dia a dia que se for captada no momento exacto, pode ter um efeito tão bom ou maior que uma encenação de uma ideia projectada e realizada durante meses?

Aqui está um exemplo para uma publicidade da tão conhecida marca Mercedes, deliciem-se:



Claro que situações deste tipo não surgem a toda a hora, ou será que sim? Talvez um pouco mais de atenção e observação e poderiamos com o nosso quotidiano atingir algo, que por vezes leva o seu tempo quando nos fechamos no "nosso mundo" e exercitamos ao máximo a nossa imaginação, como quem expreme sumo de uma laranja à espera que algo de surja...

7 comentários:

Domingos Pereira disse...

hum... mas não me parece nada que esta curta metragem tenha tido uma inocente origem... faz lembrar os anúncios ghost do marketing viral. A marca oficialmente não tem nada a ver com isso mas... no fundo, no fundo... foi ela que criou a coisa toda.
Digo eu.

Rosa Cueca disse...

Pessoalmente o que eu aprecio no campo da publicidade é a capacidade de conseguir com que leve a mão à testa e diga "porque é que não pensei nisto antes?!".
O processo de criar uma grande ideia, que para mim está nas campanhas mais simples, é algo que me continua a surpreender e demonstra claramente as possibilidades inesgotáveis que existem aí ainda por explorar - no fundo o que gosto na publicidade é o carácter mais humano da mesma.

Yakin Puteinas disse...

Nos dias que correm, cada vez mais se pede o incorrecto, o obsceno, o proibitivo, o estupido, o sem nexo, o alternativo extremista, o absoleto inclusivé.
Não devem existir limites no campo da publicidade. Se assim for, aí sim existirão pessoas como a andreia a dizer "porque é que não pensei nisto antes?!". Mas é preciso muito mais que isso.
O exagero não é demais numa publicidade quando bem usado.
Pessoalmente, não vejo qualquer problema no facto de a mercedes dar a cara pela atitude do condutor...causaria polémica? Perfeito, quanta mais melhor.

Rosa Cueca disse...

Pessoalmente não posso concordar com o "não existir barreiras" à publicidade...
Quando estamos perante uma pub ghost, a pessoa que a cria não se pode esconder atrás de um falso anonimato para fazer tudo o que quer; há limites éticos, morais, legais até...e quando a linha é por demais ultrapassada é o próprio público a insurgir-se contra a pub.
Para além disso há que fazer uma distinção muito clara entre o que são as pub's ghost criadas de forma não-oficial e as pub criadas, basicamente, por quem "quiser" que tão facilmente agora pululam em sites como o youtube.
Do politicamente incorrecto até ao moralmente inaceitável vai um passo; o processo criativo deve existir sem limitação, mas mais cedo ou mais tarde alguém lhe põe restrições, o que, nalguns casos, até é o melhor.

Domingos Pereira disse...

Caro fred, uma marca falada não é o mesmo que uma marca consumida.
Cara gata, os principios éticos, valores a defender, imagem a manter, entre outros, são precisamente as razões pela emancipação dos anúncios ghost.

Rosa Cueca disse...

Domingos, certamente então não compreendeste o que disse;
Tu falaste em imagem a manter e valores a defender, coisa a que não me referi.
Referi sim, os limites ético-morais...que existem sempre.
Quando o público não aceita uma pub, limita-a, restringe-a, não a aceita. Isso, para mim, é limitá-la - é o demonstrar que não se concorda com o que foi veiculado. Isto no nível mais viral que possa existir, seja feito por uma marca de forma não-oficial ou por um indivíduo qq. A dimensão visível desse desagrado pode ir duma simples corrente por mail denunciando e marcando uma posição contra, até implicações legais.
Limites ético-morais não são apenas aqueles ligados ao politicamente correcto; há uma clara diferença entre o que "normalmente não se deveria dizer/fazer" e a total desconsideração pelos pilares básicos do moralmente aceitável.
Mais uma vez friso, ninguém se pode esconder atrás dum qq anúncio ghost e dizer tudo o que quiser; nem que seja para pôr um video no youtube. Pq uma coisa são princípios éticos que têm de estar patentes numa pub oficial, sob pena do descrédito da marca, outra coisa foi o q o Fred disse, de não existirem quaisquer barreiras. O exagero é que não me agrada.

Domingos Pereira disse...

Desculpem mas isto não me parece ser uma grande obra de arte pelo ponto de vista que não pode ser espontaneo, senão vejamos:

Estou a estacionar o meu mercedes e como sou muito trol bato virilmente na traseira do carro à minha frente... o airbag dispara; estou numa fila de carros, naqueles para arranca, pára arranca, e de repente bato no carro em frente pk parou subitamente... entao o airbag dispara...

Ora... quando o meu pai comprou o carro colocou-lhe um alarme. No entanto, todas as noites era uma barulheira do caraças, uma vez que o dito cujo estava sempre a disparar... demasiado sensível...

Conclusão, mandou tirar o alarme pouco tempo de depois. Ora um carro em que ao minimo toque disparasse o airbag era uma desgraça... se não estão a ver bem a coisa eu explico. O airbag do condutor está normalmente inserido no volante. O que acontece quando ele dispara é que o volante fica inutilizado, é preciso comprar outro volante.

Por outro lado, a mercedes nunca poderia dar a cara por este spot... pois não podemos esquecer a falta de civismo que o condutor tem com a senhora... quer queiramos ou não, é um condutor mercedes.

Assim fica a minha argumentação para uma publicidade ghost e viral, que descodificada nem fica nada de especial.