quarta-feira, janeiro 28, 2009

raios, cobras e lagartos da miopia



No outro dia estava no metro e presenciei a seguinte situação.

Uma senhora entra e olha para uma outra sentada e, entre dentes e a bufar para o ar, diz qualquer coisa como: como é que é posssível com o metro tão cheio e esta gente sentada... nao sabem ler?

No banco podia ler-se: Em hora de ponta por favor não se sente neste lugar. O exemplo é curioso, porque a mesma senhora das bufadas também não deve ter lido outra mensagem à entrada do metro quando furou a entrada: Deixe sair antes de entrar.

Todos nós vemos muito pouco, compreensivelmente às vezes, outras nem tanto. Vemos o que queremos.

Nas organizações ver pouco é grave, mas é como não poder reconhecer o doce sem conhecer o salgado ou vice versa. Se se vê pouco não se sabe o que está a não ver, a não ser que já se tenha visto melhor. É a diferença de nascer cego ou de perder a vista com o tempo. Ou então, pior cego é aquele que não quer ver. Às vezes dá jeito.

As organizações devem injectar sangue novo nos seus quadros. Sangue novo, sem os vícios, sem as artimanhas e a desmotivação de que padecem outros colaboradores. Sangue que venha com a energia e a inocência de querer mudar o mundo. Esta é a verdadeira importância dos estagiários e que é pouco explorada nesse sentido.

Quantos de nós já não nos sentimos desmotivados com o trabalho e a começar a fazer pelo minimo? Que fazer?

Lembro-me de ter dado uma óptima resposta na apresentação do meu relatório de estágio quando andava a acabar a licenciatura. A pergunta foi qualquer coisa do género: O que pensa sobre a insegurança laboral que hoje se vive e como contrariar o desânimo de alguém que sabe que não vai ficar naquela organização por muito mais tempo? Respondi tão simplesmente: O que perdemos por querer ter a nossa melhor prestação até ao fim? O que ganhamos por fazer o mínimo?

Cabe-nos nunca desistir de querer mais, seja aqui ou noutro lado. Essa ambição passa por dar mais à organização pois é a única forma correcta de crescermos profissionalmente. O reconhecimento virá, seja nesta ou noutra empresa que veja mais longe. Eu é que me nego a olhar só para o chão.


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